Infraestrutura Física

Conceito/Definições

Dentro da infraestrutura urbana, a infraestrutura física é o suporte físico-material das atividades humanas, envolvendo um conjunto de objetos e condições estruturais que estão distribuídos pela cidade e disponíveis à sociedade. Três elementos são essenciais para a determinação da qualidade da infraestrutura física de uma área: pavimentação, no que tange à estrutura e manutenção das vias; sinalização; e usabilidade.

Discussão

O aumento do uso dos sistemas ou veículos de micromobilidade (scooters elétricas, bicicletas, skates etc.) tem representado uma inovação em transporte e uma revolução em termos de mobilidade urbana, obrigando as cidades a repensar sua infraestrutura. Nos últimos anos, um grande volume de recursos foi alocado para a melhoria dos espaços urbanos em prol de comportar os micromodais. Esse fenômeno está de acordo com as definições da Agenda 2030 da ONU, na qual estão estipuladas as metas e os objetivos para um desenvolvimento sustentável.

No Brasil, a micromobilidade tem se tornado mais comum nas grandes cidades, promovendo mudanças positivas no contexto urbano, porém demandando a melhoria da infraestrutura física. Nesse sentido, as cidades têm ainda um longo caminho a percorrer para acolher os micromodais satisfatoriamente. O setor de micromobilidade urbana enfrenta importantes obstáculos, principalmente associados à escassez de incentivos governamentais e à implementação significativa de infraestrutura destinada a esses novos modais.

Melhores práticas

A cidade de Montreal, no Canadá, é um exemplo da criação de uma infraestrutura adequada para o desenvolvimento da micromobilidade. A cidade tem investido em uma ampla rede de ciclovias, que permitem o uso de e-bikes e outros equipamentos. Em 2017, a cidade expandiu a rede de ciclovias para cerca de 850 quilômetros, em consonância com o seu robusto sistema público de compartilhamento de bicicletas, o BIXI, criado em 2009.

Ciclovia na cidade de Montreal (Canadá). Fonte

Em 2014, no Rio de Janeiro, a Avenida Rio Branco foi reformulada com o objetivo de privilegiar o uso do transporte público e a presença de pedestres e ciclistas. Assim, as quatro faixas de rolamento foram remodeladas para a implantação de ciclovia, ampliação do passeio público e inserção de um VLT. Essa obra possibilitou aos usuários de metrô e do VLT realizar intermodalidade com equipamentos de micromobilidade. Além disso, o fechamento de uma das principais vias localizadas no centro do Rio de Janeiro transformou a infraestrutura física do local e permitiu que pedestres, ciclistas, usuários de patinete e skate e cadeirantes utilizassem a Avenida Rio Branco para se deslocarem com maior conforto e segurança.

Remodelação da Avenida Rio Branco no Rio de Janeiro. Fonte

Outro exemplo brasileiro de boas práticas é da cidade de Salvador. Com foco na segurança, uma vez que a velocidade determina o nível de letalidade nos acidentes, a cidade modificou o limite máximo estabelecido para vias selecionadas, restringindo-o a 20 ou 30 km/h. Logo após essa medida, em 2014, os bairros da Barra, Ondina e Rio Vermelho passaram a incluir tanto pisos compartilhados como ciclovias em parte de sua orla, ampliando a área dedicada aos pedestres, ciclistas, skatistas e patinadores. Isso promoveu significativas mudanças na infraestrutura física local e na mobilidade na área.

Ciclovia no bairro da Barra, em Salvador, na Bahia. Fonte

Indicadores/métricas de melhores práticas

  • Presença de infraestrutura cicloviária de qualidade. Deve haver uma rede de infraestrutura cicloviária que apresente boas condições de pavimentação, iluminação e drenagem.
  • Boa qualidade paisagística. O espaço urbano deve ser dotado de arborização que permita o sombreamento das vias utilizadas por micromodais e fruição espacial.
  • Controle de velocidade do tráfego motorizado. Devem ser usados equipamentos e sistemas para controle de velocidade do tráfego motorizado próximo às infraestruturas utilizadas pelos micromodais..

Subdimensões

Guia Micromobilidade Compartilhada

Este relatório apresenta uma investigação completa sobre o panorama da micromobilidade pública no Brasil e no exterior. Trata-se de um trabalho de suma importância para gestores públicos e privados, e por se tratar de um trabalho sem paralelos no país, se torna uma referência nacional na conceituação e levantamento do quadro da micromobilidade.

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