Tecnologia, Controle e Pagamento

Conceito/Definições

Os sistemas de compartilhamento de micromobilidade são constituídos por um conjunto de veículos, equipamentos, TDICs, partes interessadas (APP, Centro de Controle, Central de Atendimento ao Usuário) e partes componentes do sistema para viabilizar a operação, como protocolos de interoperacionalidade (APIs) e requisitos de gerenciamento e manutenção da rede de serviços. Dessa maneira, é importante identificar os aspectos técnicos ou investimentos necessários para compor o sistema: bens físicos, bens intangíveis e processos associados à prestação do serviço em si (CASTELLANOS et al., 2019). Tais elementos referem-se aos equipamentos (bicicletas, estações, totens, bloqueios, veículos logísticos, sistemas computadores, telefones celulares) e à infraestrutura (ciclovias, centros de operação e manutenção e instalações para centros administrativos) que requerem ser fabricados, comprados, construídos e instalados.

Discussão

O Acordo de Paris tem sido uma meta perseguida pela maioria dos países, assim como os 17 ODSs. Dessa forma, a diminuição das emissões e a substituição de veículos movidos a combustão por veículos elétricos, tais como os micromodais, são considerados um novo setor de investimento e desenvolvimento de tecnologias. As plataformas eletrônicas de monitoramento, assim como os sistemas tecnológicos embarcados, irão se tornar um grande mercado nos próximos anos.

No Brasil, embora incipientes, há algumas iniciativas de compartilhamento de micromodais com tecnologias distintas e também operadoras internacionais que disputam mercado. Acredita-se que, no médio prazo, grandes cidades brasileiras irão contar com sistemas de micromobilidade integrados aos sistemas de transporte público existente. A exemplo da prefeitura de Fortaleza, que está levando o sistema de micromobilidade para as periferias e popularizando o uso das bicicletas compartilhadas, observa-se um grande potencial no desenvolvimento de novos sistemas, novas tecnologias e formas de pagamento considerando a realidade brasileira.

Melhores práticas

Entre as melhores práticas, a maioria dos veículos (bicicletas convencionais ou elétricas e patinetes elétricas) vem com etiqueta de identificação por radiofrequência (RFID) ou com um GPS, como mecanismo de rastreamento e bloqueio. Essa função é tipicamente usada no gerenciamento de frotas em tempo real e na localização de veículos perdidos ou furtados.

A empresa canadense de tecnologia para sistemas compartilhados de bicicleta PBSC ganhou destaque mundial com o desenvolvimento de soluções especializadas para viabilizar a operação e gestão desses sistemas. São exemplos as estações autossuficientes em energia (fotovoltaica) e os sistemas automatizados de pagamento e segurança integrados, além da melhor adaptabilidade da infraestrutura aos espaços disponíveis e a capacidade das estações (número de vagas por estação) com o uso de estruturas modulares.

Modelo de estações e bicicletas PSBC, utilizadas pela Tembici. Fonte: Divulgação Bike Rio

O modelo FIT de bicicleta compartilhada (convencional e/ou elétrica), como uma solução customizada de boa qualidade (ergonomia, peças e acessórios de maior resistência e durabilidade), teve grande inserção no mercado global e atende à demanda de inúmeros sistemas presentes em cidades da América do Norte, América Latina e Europa.

Veículo Otimizado para Sistemas de Bicicleta Compartilhada. Fonte: Modelo FIT/e-FIT – PBSC/divulgação

A PBSC também desenvolve soluções de hardware e software para gerenciamento integrado da saúde do sistema, controle da operação e do pagamento, além do atendimento e da comunicação com os clientes e do compartilhamento de dados em formato padronizado (GBFS) para favorecer a interoperacionalidade na troca de dados entre operadoras de mobilidade e cidades ou outros reguladores.

Em 2017, após 10 anos do famoso sistema de compartilhamento de bicicletas Vélib’, administrado pela JCDecaux, a Prefeitura de Paris decidiu transformar radicalmente o sistema da cidade. No ano seguinte, houve uma nova licitação para renovação do contrato e, com a chegada do novo operador (Smovengo), também foi prometida a substituição da frota de bicicletas convencionais por elétricas, disponibilizando-se 20.000 e-bikes. Atualmente, o sistema segue em fase de ajustes, tendo colocado apenas 30% da frota em operação para atender a demanda dos parisienses nessa segunda geração do Vélib’ (Figura 26).

Sistema de Bicicletas Elétricas Compartilhadas de Paris (Vélib) – Fonte: Foto/Divulgação

No cenário latino-americano, o bem-sucedido sistema Ecobici, da Cidade do México, operado pela BkT, parceira da PBSC, incorporou bicicletas com assistência elétrica e estações de recarga no começo de 2018. Assim como o sistema Bike Rio no Rio de Janeiro, operado pela Tembici, outra parceira da PBSC seguiu o mesmo caminho, com a entrada na fase de testes da oferta de e-bikes.

Atenta às tendências e oportunidades desse mercado em franca expansão, a PBSC (2020) recentemente anunciou uma solução multimodal para auxiliar na melhora do desempenho na gestão desses sistemas nas cidades (Figura 27). A plataforma é modular, o que facilita seu dimensionamento e instalação, e está associada a estações inteligentes que podem acomodar bicicletas e patinetes, recarregá-las conforme a necessidade e monitorar seus usos através de sistemas de segurança e manutenção integrados para evitar furtos e acidentes.

Plataforma Modular Multimodal de Micromobilidade – Fonte: Divulgação PBSC (2020)

Indicadores/métricas de melhores práticas

  • Veículos e partes componentes do sistema. Os equipamentos dos sistemas devem ser padronizados para facilitar a manutenção, privilegiando-se materiais recicláveis com alta resistência e durabilidade sempre que possível para reduzir a necessidade de substituição de peças, estimular e qualificar a cadeia produtiva da indústria nacional e incentivar o desenvolvimento de programas de logística reversa que garantam o descarte correto no fim da vida útil dos veículos e das partes componentes do sistema.
  • Centro de controle operacional. Deve existir um centro que gerencie os sistemas de micromobilidade em consonância com os outros modos disponíveis na cidade.
  • Integração de sistemas de pagamento e serviços. Integrar os sistemas de micromobilidade através da plataforma de pagamento do transporte público.

Subdimensões

Guia Micromobilidade Compartilhada

Este relatório apresenta uma investigação completa sobre o panorama da micromobilidade pública no Brasil e no exterior. Trata-se de um trabalho de suma importância para gestores públicos e privados, e por se tratar de um trabalho sem paralelos no país, se torna uma referência nacional na conceituação e levantamento do quadro da micromobilidade.

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