Conceito/Definições

O desenho de sistemas compartilhados de micromobilidade é interdependente do processo de planejamento e da governança estratégica. Primeiro, decide-se “o que fazer” (objetivos) e “como fazer” (plano de ação para implementação e gestão dos sistemas), para a partir daí se desenvolver o sistema em si e suas partes componentes, incluindo tanto a sua organização quanto a função do sistema, seu design e suas características de implementação.

Um layout equilibrado e equitativo da rede, paralelamente à integração com o sistema de transporte público, é altamente desejável. Durante esse processo, são definidos polígonos territoriais, com a devida localização e o dimensionamento da oferta e demanda do serviço. A partir desse ponto, organizam-se os esquemas de operação, tipo de financiamento e funcionamento do sistema, levando em conta as características locais. Outro aspecto importante é determinar o monitoramento e a mensuração de impactos e benefícios do sistema.

Discussão

Existe um consenso em âmbito internacional de que o padrão de viagem nas cidades está relacionado com as características da estrutura urbana, representadas por três componentes principais: padrão de uso do solo, desenho urbano e sistema de transporte. Observa-se uma mudança de paradigma em relação à concepção do desenvolvimento urbano segundo a lógica dos movimentos (SHELLER; URRY, 2016), ampliando-se os movimentos cotidianos de pessoas, bens e serviços. Isso reforça a importância da abordagem conhecida como modelo 5Ds – densidade; diversidade de uso do solo; desenho urbano; distância até o transporte público e destino acessível (CERVERO; KOCKELMAN, 1997; EWING et al., 2009). A estruturação da rede viária e de transportes para atendimento das demandas de deslocamento no território deve ser uma ação coordenada entre os setores público e privado.

Alinhado aos princípios de desenvolvimento urbano orientado ao transporte sustentável (DOTS), bem como às técnicas de gerenciamento da demanda e da integração e otimização de desempenho da oferta de serviços de mobilidade, é possível identificar com mais clareza os indicadores que poderão ser utilizados como parâmetros para o desenho dos sistemas compartilhados de micromobilidade que resultem em padrões de deslocamento mais sustentáveis nas cidades brasileiras.

Dessa maneira, pode-se pensar em questões orientadoras do processo, tais como: quais são as razões para a criação do sistema? Para quê e para quem é o sistema? Os sistemas podem existir para muitos propósitos em diferentes contextos, e ter diversos benefícios diretos e indiretos a depender das políticas de desenvolvimento territorial e da mobilidade urbana. Portanto, a sugestão é definir, antes de começar, os problemas que se espera resolver e os benefícios diretos e indiretos de curto, médio e longo prazo que se espera alcançar.

Subdimensões

Guia Micromobilidade Compartilhada

Este relatório apresenta uma investigação completa sobre o panorama da micromobilidade pública no Brasil e no exterior. Trata-se de um trabalho de suma importância para gestores públicos e privados, e por se tratar de um trabalho sem paralelos no país, se torna uma referência nacional na conceituação e levantamento do quadro da micromobilidade.

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