Novas experiências, análises de dados e promoção da economia de compartilhamento são ações que contribuem com esse quadro. A chegada e a consolidação dos sistemas de micromobilidade compartilhada transformaram diversas cidades em todo o mundo, acelerando a incorporação de tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) e a inteligência nos sistemas de transportes (ITS). Nessa conjuntura, o incentivo à migração modal (de forma a dispensar o uso de automóveis particulares), especialmente em relação a viagens entre dois e cinco quilômetros, é um importante benefício dos sistemas de micromobilidade para a promoção de áreas urbanas mais limpas e saudáveis, ao mesmo tempo que apoiam os governos locais e nacionais a atingirem suas metas climáticas.
O aumento da presença e utilização desses sistemas reacendeu o debate sobre a necessidade de revisão de investimentos no espaço público, direcionando-os para a requalificação da infraestrutura urbana, a integração e a conectividade da rede de transportes e do sistema viário das cidades, visando priorizar as necessidades de deslocamento das pessoas e dinamizar as oportunidades de acesso a bens e serviços. Nesse campo, os sistemas de bicicleta compartilhada já têm uma história no Brasil. Porém, novos sistemas, como o de patinetes elétricas, carecem de regulação e produção de dados e análise de experiências em território nacional.
A expansão dessa modalidade de transporte é também uma questão de saúde pública, já que a exposição ao material particulado proveniente da queima de combustíveis fósseis tem sido correlacionada a sérios problemas respiratórios. As concentrações de material particulado são mais altas no entorno de vias de trânsito intenso, onde geralmente são utilizadas as soluções de micromobilidade. Por outro lado, a diminuição das frotas movidas a combustão melhora a qualidade do ar urbano, fato que pode ser fomentado pela ampliação dos sistemas de micromobilidade. Outro benefício para a saúde pública é a atividade física oferecida pelo uso de modos ativos, como as bicicletas, em contraste com meios de transporte considerados passivos (ou motorizados). No entanto, a falta de padronização nas metodologias de análise de desempenho dificulta quantificar as emissões (e, mesmo, os impactos na saúde), uma vez que cada programa de compartilhamento de bicicletas opera de maneira distinta e, portanto, coleta dados de maneira diferente.